No mapeamento aéreo com drones, a precisão é o elemento que define o valor e a confiabilidade do produto final.
Não basta apenas capturar belas imagens — é preciso garantir que cada ponto da superfície mapeada represente fielmente a realidade do terreno em posição e altitude.
Para isso, são utilizados diferentes métodos e tecnologias de georreferenciamento, que vão desde o uso de pontos de apoio em solo até sistemas GNSS de alta performance, como RTK e PPK.
Compreender esses métodos é essencial para profissionais de topografia, engenharia, agricultura e meio ambiente que buscam resultados técnicos de alta qualidade.
O que significa precisão no mapeamento com drones
A precisão é a capacidade de um modelo representar as coordenadas reais da superfície da Terra com mínima margem de erro.
Em um levantamento topográfico, erros de poucos centímetros podem comprometer o cálculo de volume, o traçado de curvas de nível ou o planejamento de uma obra.
No contexto do mapeamento com drones, há dois tipos principais de precisão:
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Precisão relativa: mede a coerência entre os pontos dentro do mesmo modelo (ou seja, se as distâncias e alturas estão corretas entre si).
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Precisão absoluta: indica o quão fiel o modelo está às coordenadas reais do terreno (sistema geodésico de referência, como SIRGAS 2000 ou WGS 84).
Métodos de obtenção de precisão
1. Mapeamento sem pontos de apoio
É o método mais simples e rápido, pois não utiliza nenhum tipo de correção GNSS.
As coordenadas são registradas apenas com o GPS embarcado no drone, resultando em erros médios entre 2 a 10 metros.
🔸 Indicado para: levantamentos exploratórios, planejamento inicial e acompanhamento visual de áreas.
🔸 Limitação: não é adequado para fins topográficos, licenciamento ou medições de engenharia.
2. Mapeamento com Pontos de Apoio em Solo (GCPs)
Os Ground Control Points (GCPs) são marcos georreferenciados com coordenadas conhecidas, distribuídos estrategicamente na área de voo.
Durante o processamento fotogramétrico, essas coordenadas são usadas para ajustar e corrigir o modelo, garantindo alta precisão.
🔹 Vantagens:
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Alta precisão horizontal e vertical (até 2–3 cm);
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Não depende de conectividade ou correção em tempo real;
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Pode ser aplicado em drones simples, sem RTK/PPK.
🔹 Desvantagens:
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Exige equipe em campo para medição dos pontos com receptor GNSS;
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Aumenta o tempo de coleta, especialmente em áreas extensas.
🔸 Indicado para: levantamentos topográficos, REURB, projetos de engenharia civil e mineração.
3. Mapeamento com Sistema RTK (Real-Time Kinematic)
O sistema RTK realiza correções de posicionamento em tempo real durante o voo.
O drone recebe sinal de uma base GNSS (ou rede de estações CORS) e ajusta automaticamente as coordenadas de cada foto capturada.
🔹 Vantagens:
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Precisão centimétrica imediata (1–3 cm);
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Dispensa o uso de grande número de GCPs (podendo usar apenas 1 ou 2 para checagem);
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Alta produtividade em campo.
🔹 Desvantagens:
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Depende de sinal estável entre o drone e a base;
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Pode sofrer interferências em áreas com relevo acidentado ou vegetação densa.
🔸 Indicado para: topografia, REURB, engenharia, agrimensura e obras de infraestrutura.
4. Mapeamento com Sistema PPK (Post-Processed Kinematic)
No método PPK, os dados GNSS são corrigidos após o voo, durante o processamento.
O drone registra as coordenadas brutas e, posteriormente, o software aplica as correções baseadas nos dados da estação base.
🔹 Vantagens:
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Alta precisão (equivalente ao RTK);
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Não depende de conexão em tempo real;
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Maior segurança e flexibilidade em campo.
🔹 Desvantagens:
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Exige conhecimento técnico no processamento;
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Leve aumento no tempo de pós-produção.
🔸 Indicado para: grandes áreas, projetos sem conectividade estável, levantamentos técnicos e científicos.
5. Integração RTK/PPK com GCPs
Para trabalhos que exigem níveis máximos de confiabilidade, como certificações fundiárias, perícias judiciais ou monitoramentos ambientais de alta precisão, é possível combinar métodos.
A integração entre RTK/PPK e pontos de apoio em solo oferece redundância e validação cruzada dos resultados, reduzindo qualquer margem de erro residual.
Boas práticas para garantir a precisão
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Utilizar alturas de voo adequadas à resolução desejada (GSD).
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Realizar planejamentos de voo com sobreposição mínima de 75% frontal e 65% lateral.
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Calibrar periodicamente os sensores e câmeras.
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Evitar voos em condições meteorológicas adversas.
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Validar resultados com pontos de checagem independentes (Check Points).
Conclusão
A precisão no mapeamento com drones é resultado direto da combinação entre tecnologia, planejamento e metodologia.
Cada método — do simples GPS ao RTK/PPK com pontos de apoio — possui sua aplicação ideal, de acordo com o nível de exatidão exigido pelo projeto.
Com o uso adequado das tecnologias de correção GNSS e boas práticas de campo, os drones tornam-se ferramentas extremamente poderosas para obter dados geoespaciais confiáveis, contribuindo para o avanço técnico e sustentável das atividades de engenharia, agricultura, meio ambiente e gestão territorial.